“Assim diz o Senhor: Se a minha aliança com o dia e com a noite não permanence, e Eu não mantiver as leis fixas dos céus e da terra, também rejeitarei a descedência de Jacó e Davi, meu servo, de modo que não tome da sua descedência quem domine sobre a descedência de Abraão, Isaque e Jacó; porque lhes restaurarei a sorte e deles me apiedarei”. Jeremias 33:25,26
Consolai o Meu Povo
Thomas C. Simcox
A história está repleta de destroços daquelas nações que tentaram subjugar e erradicar o povo escolhido de Deus. Finalmente, as suas tentativas de varrer a nação de Israel deste planeta terminaram em fracasso, porque o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó jurou solenemente: “abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (Gn 12.3). Essa promessa é apenas uma dentre tantas que o Senhor Deus de Israel fez ao Seu povo escolhido.
As promessas de Deus para Israel estão presentes nas Escrituras do início ao fim. Embora muitos cristãos acreditem no velho adágio de que cada promessa da Bíblia pertence à Igreja de Jesus Cristo, na realidade, a esmagadora maioria das promessas diz respeito ao povo judeu. O Antigo Testamento é a Palavra de Deus comunicada, exclusivamente, pelo povo judeu ao próprio povo judeu. Ele cobre o período que vai desde a Criação até os 400 anos, aproximadamente, que antecederam o nascimento do Messias. A criação de Israel teve a sua origem com Abraão, Isaque e Jacó, por volta de 2000 a.C.
A Igreja, por outro lado, não apareceu no cenário mundial até a época de Atos, depois da ressurreição de Jesus e do derramamento do Espírito Santo por ocasião da Festa de Pentecostes (Shavuot) em 32 d.C.
Conseqüentemente, quando Deus declarou, através do profeta Isaías (760-680 a.C.):”Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus” (Is 40.1), Ele não estava se referindo à Igreja.
Eu Não Me Esquecerei De Ti
O Antigo Testamento está repleto de garantias de que Deus ama o Seu povo e que nunca, absolutamente, o abandonará, nem se esquecerá das promessas por Ele feitas aos seus antepassados – apesar de todos os seus pecados, da dureza de seu coração e de O rejeitarem como Deus.
Uma das mais lindas promessas das Escrituras encontra-se em Isaías 49.15: “Acaso pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti”.
Javé (Yahweh) prometeu a Israel que nunca o abandonará. Com efeito, a figura imaginária de uma mãe que se esquece do seu bebê é muito forte. Uma mãe amorosa, em fase de amamentação, nunca se esqueceria de seu filhinho. Ainda assim, Deus diz que seria mais fácil que isso viesse a ocorrer, do que Ele, o Senhor, esquecer-se de Israel.
Nos dias de hoje, especialmente, o minúsculo Estado de Israel é dominado pela dor, de uma extremidade à outra do país. Todo dia, famílias judias sepultam seus entes queridos, cujas vidas são ceifadas, prematuramente, baleados por franco-atiradores, estraçalhados por bombas detonadas por terroristas, e até mesmo por “homens-bomba” ou terroristas suicidas. Enquanto a pressão sobre Israel se intensifica, a Palavra de Deus permanece como um abrigo no momento da tempestade. Deus não o abandonará, Ele nunca o abandonará. O colunista judeu Dr. Israel W. Slotki escreveu: “A atenção cuidadosa de Deus por Sião é muito mais estável e duradoura do que os mais fortes laços humanos de parentesco”.[1]
No versículo seguinte, o Senhor utiliza uma linguagem ainda mais enfática: “Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante mim” (Is 49.16). Deus indica que gravou, por assim dizer, a nação em Seu próprio Ser. Esse entalhe “gravado” é indelével, irrevogável. Deus não pode simplesmente lavar Suas mãos e apagá-lo; Israel está gravado nelas para sempre.
Eu Te Fortalecerei
Outra garantia da ajuda permanente de Deus encontra-se em Isaías 41.10: “não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel”.
Em meio à luta diária de Israel para sobreviver, foi-lhe prometido que Deus o fortalecerá para a tarefa. Ele promete Seu contínuo auxílio nas horas de necessidade e jura solenemente cercá-lo de cuidado. A destra, a mão direita, geralmente está associada à idéia de força. Dessa forma, o Senhor prometeu sustentar Israel com a força de Sua própria fidelidade.
Eu Te Darei a Terra
O profeta Jeremias (626-580 a.C.) viveu depois de Isaías e foi testemunha ocular da queda de Jerusalém e da destruição do templo de Salomão em 586 a.C. Contudo, apesar desse terrível juízo sobre o povo judeu, Deus ainda lhe deu garantias de Seu amor leal e prometeu que nunca seria eliminado da terra (veja Jr 31.35-36).
Ao longo da história, governantes e seus exércitos têm tentado banir deste mundo o povo escolhido de Deus. Alguns déspotas que se voltaram contra Israel: os Faraós do Egito; Hamã da Pérsia; Antíoco Epifânio; Tito Vespasiano; Tomás de Torquemada e a Inquisição Espanhola. Mais recentemente, levantou-se Adolf Hitler. Em nossos dias, o Mein Kampf de Hitler é um best-seller nas áreas da Autoridade Palestina, e o mundo islâmico continua recusando-se a reconhecer a existência de Israel e está determinado a apagar a presença judaica da terra. Contudo, tantas quantas forem as tentativas, elas não terão sucesso. Os tiranos da atualidade e aqueles que ainda estão por vir, finalmente fracassarão: “Habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual vossos pais habitaram; habitarão nela, eles e seus filhos e os filhos de seus filhos, para sempre; e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente” (Ez 37.25).
Porém, isso não é tudo que o Senhor prometeu ao Seu povo amado. Os limites da sua terra foram estabelecidos para sempre nas Escrituras: “Naquele mesmo dia, fez o Senhor aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates” (Gn 15.18).
Durante o reinado de Salomão, Israel chegou muito perto de possuir a totalidade da terra, tal como Deus a delineara para Abraão. Contudo, os limites ainda ficaram aquém da medida prometida. De acordo com as Escrituras, haverá um dia em que a nação de Israel se estenderá na direção leste, desde o Mar Mediterrâneo, atravessando o território ocupado pelo Iraque, até o rio Eufrates. Isso incluirá toda a Jordânia, áreas do Egito e da Arábia Saudita e, possivelmente, partes do Líbano e da Síria.
A atual população judaica mundial está estimada em 13 milhões, dos quais 5,9 milhões já vivem em Israel – e a população israelense continua a crescer. Devido aos recentes distúrbios na Argentina, que conta com uma grande colônia judaica, muitos judeus argentinos estão procurando realizar a aliá (“subida” ou “ascensão”), emigrando para Israel. Nos últimos dez anos, multidões de imigrantes russos e etíopes chegaram a Israel. Assim como prometeu, Deus está trazendo de volta o Seu povo: “Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que nunca mais dirão: Tão certo como vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito; mas: Tão certo como vive o Senhor, que fez subir, que trouxe a descendência da casa de Israel da terra do Norte e de todas as terras para onde os tinha arrojado; e habitarão na sua terra” (Jr 23.7-8).
Quando Israel finalmente perdeu a soberania sobre a terra, foi levado para o cativeiro na condição de um povo dividido. O Reino de Israel, ao norte, havia sucumbido primeiro, diante do poder dos assírios, em 722 a.C. O Reino de Judá, ao sul, caiu sob o domínio da Babilônia em 586 a.C. Eles tornaram-se dois reinos distintos, desde que as dez tribos do norte se rebelaram contra Roboão, filho do rei Salomão, por volta de 931 a.C. No momento em que o exílio chegou ao fim, e o rei persa Ciro permitiu que os judeus voltassem para sua terra sob sua autoridade real, eles retornaram na condição de um único povo. Entretanto, eles não tinham nenhuma autonomia sobre os seus próprios negócios. No ano 70 d.C., por ocasião da destruição do Segundo Templo, os romanos dispersaram os judeus pelos quatro cantos da Terra.
Nenhuma alteração ocorreu até 1948, depois que as Nações Unidas repartiram a Palestina sob mandato britânico e a profecia de Ezequiel 37 finalmente se cumpriu: “Tu, pois, ó filho do homem, toma um pedaço de madeira e escreve nele: Para Judá e para os filhos de Israel, seus companheiros; depois, toma outro pedaço de madeira e escreve nele: Para José, pedaço de madeira de Efraim, e para toda a casa de Israel, seus companheiros… Tu lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus: Eis que tomarei o pedaço de madeira de José, que esteve na mão de Efraim, e das tribos de Israel, suas companheiras, e ajuntarei ao pedaço de Judá, e farei deles um só pedaço, e se tornarão apenas um na minha mão… Dize-lhes, pois: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei para a sua própria terra. Farei deles uma só nação na terra, nos montes de Israel, e um só rei será rei de todos eles. Nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos” (vv. 16-17,19,21-22).
Atualmente, a nação não é Judá ou Efraim, mas uma só nação chamada Israel.
Eu Te Darei Um Reino
Além disso, as promessas de consolo da parte de Deus não são apenas para o momento. Elas vão além dos dias atuais e se estendem para um maravilhoso e abençoado futuro que Ele prometeu ao Seu antigo povo. Foi dito a Ezequiel que escrevesse: “O meu servo Davi reinará sobre eles; todos eles terão um só pastor, andarão nos meus juízos, guardarão os meus estatutos e os observarão…; e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente” (Ez 37.24-25).
Esses versículos contemplam aquele futuro dia quando o mais importante Filho de Davi se assentará no trono de Seu Pai e reinará sobre toda a terra. Um dia, o Messias Jesus retornará à terra para lutar pela nação de Israel durante o tempo terrível da “angústia de Jacó” (Zc 14.3-4). Ele destruirá os inimigos de Israel e estabelecerá o tão esperado Reino Messiânico. Naquele dia, Ele se assentará literalmente no trono terreno de Davi e governará sobre Israel e toda a terra durante mil anos.
Conforme Jeremias prometeu: “Nunca faltará a Davi homem que se assente no trono da casa de Israel” (Jr 33.17). Israel não teve um rei desde que Zedequias foi levado para o cativeiro na Babilônia, antes da destruição de Jerusalém. Todavia, essa promessa de um rei é infalível. Jesus é o único que tem as credenciais messiânicas necessárias para reinar: somente o registro da linhagem dEle foi preservado, impecavelmente, nos Evangelhos de Mateus e Lucas e Seu “direito” ao trono está definido, conforme lemos: “Ruína! Ruína! A ruínas a reduzirei, e ela já não será, até que venha aquele a quem ela pertence de direito; a ele a darei” (Ez 21.27).
Deus fez ainda outra promessa surpreendente. Quando Jesus governar sobre toda a terra, o anti-semitismo será uma coisa do passado; os gentios não mais dominarão sobre o povo judeu e nunca mais tentarão aniquilá-lo. Na realidade, o povo judeu colherá grande benção e, finalmente, terá paz: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Naquele dia, sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco” (Zc 8.23).
Os gentios adorarão o Messias ressurreto, o Rei Jesus, junto com o remanescente judeu que sobreviver aos horrores, sem precedentes, daquele tempo da angústia de Jacó. Que promessas animadoras o Senhor fez ao Seu povo Israel! Não é de se admirar que Deus declare: “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniqüidade está perdoada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor por todos os seus pecados” (Is 40.1-2). Deus sempre cumpre as Suas promessas. (Israel My Glory – http://www.beth-shalom.com.br)
Thomas C. Simcox é diretor de The Friends of Israel no Nordeste dos EUA.
Hino de Israel: Hatikvah